É indescritível. Achamos que nunca irá acontecer. Precisamente naquele dia em que fazia 2 meses que tinha ficado mais perto dos aviões. A ouvi-los todos os dias, a vê-los a passar sobre mim com alegria e entusiasmo. Mas de repente tudo mudou. Se não fosse ter combinado àquela hora um compromisso não tinha ido àquele sítio. E se não fosse por isso, se calhar teria sido muito pior. Mas a verdade é que tudo isto mexeu comigo. Estar na rua, virar-me  de repente ver um avião a cair e explodir mesmo à nossa frente é pôr qualquer um em choque. Eu entrei em pânico, foi uma experiência que espero não voltar a repetir.

 Muito se falou depois nas notícias, mas eu estive lá. vi tudo. Os destroços, o sítio onde caiu. O fato de a 500 metros não saber se a explosão viria até mim, o querer sair dali o mais depressa possível e depois as dúvidas que tivesse caído em cima da casa de alguém conhecido. Tudo estava em suspenso, até ir confirmar com os meus próprios olhos onde realmente tinha atingido. Os bombeiros apareceram de imediato. Mas morreram 5 pessoas. Podia ter sido muito pior. Pois podia. E é nestas alturas que pensamos na sorte que é em estarmos vivos e não levarmos com nenhum avião em cima, destinado a cair por uma avaria técnica.