Poema tirado da gaveta

15.2.15

“Gelo ardido e fogo derretido”

 

Estou de molho,

Estou a pensar,

E abro um olho.

O outro fica a descansar,

Só para sentir meio mundo acordado.

O resto não interessa, passa-me ao lado.

 

Se metade é um quarto de dois

Habita a dor pior num só planeta.

Não chega a faísca de dois sóis

Para derreter um só cometa.

 

Tal é o gelo nesse lado

Que congela quem passa por aí;

Mumifica e deixa ancorado

O meu coração preso a ti.

 

 Gelaste por completo

De ti estás não sei onde;

Tua alma onde se esconde?

Talvez colada ao tecto.

 

Passa para o lado de cá,

Onde se ouvem os passarinhos,

Cantam quando fazem os ninhos,

Voam sem chegar mesmo lá.

 

Lugar onde a emoção trespassa as palavras,

Sítio onde a água emerge sobre o fogo.

Altar dos oceanos incomparáveis e inalcançáveis

Onde mesmo sem querer me afogo.

 

Mas há em ti uma catedral de esperança,

Embelezada pelos candelabros resplandecentes

dos teus olhos.

Há algo que me faz acreditar que a fera é mansa

Talvez transportada para outros ambientes

sem restolhos.

 

Já bebi de ti mais do que devia,

Contaminaste-me com o teu ser.

Senti fogo e gelo e não podia,

Menos semelhantes haver.

 

Veneno esse que me enlouquece,

Forte o teu peito contra o meu.

Com o calor derrete-se o que aquece

E do meu já te perdeste no céu.

 

Ardi o teu gelo assim que derreteste o meu fogo

Hoje te encontro, amanhã assisto ao nosso desencontro

Fiel de ti que me procuras mais uma vez e logo

Derreteu-se o meu fogo e ardeu-se o teu gelo e p(r)onto.

 

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